Vai Abrirás as velas, cortarás amarras Seguirás a brisa que corre Esquece as cordas que te prendem Liberta esse corpo que morre. Abre as gelosias, ensombram a alma. Os sonhos chegam sempre devagar Tempo de saborear a maré, a calma Gaivota perdida que se faz ao mar.
Vai, és capaz, sei que és capaz Navegarás mesmo com defeitos. Incertezas deverão sempre haver Não existem momentos perfeitos E nesse objectivo te irás realizar Nem que seja o derradeiro que faças não matutes no que o futuro traz Vai e não penses em desgraças.
António Gallobar 28/07/2014
NO DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA, PARTILHO CONVOSCO DUAS PAIXÕES:
FOTOGRAFIA E POESIA
Soneto (quiçá) mágico Ver para além do óbvio sentir a calma do momento o despertar de sentidos livres como o pensamento.
Apreciar as coisas simples dar valor ao que se tem abrir o espírito à mudança deixar a mente ver além
Apreciar o que a vista alcança respirar fundo, abrir as mãos ver renascer a esperança
Escutar o que o coração diz talvez vá apontar caminhos para um amanhã mais feliz
António Gallobar. Porto 19 de Agosto de 2014
A REVELAÇÃO
Há muito muito tempo atrás existiu um velho marinheiro, conhecido como Xico do rio Douro, era um daqueles homens calejados pela vida e muitas histórias para contar. Quando o encontrava, ele invariavelmente perguntava se eu já tinha encontrado a "Moura Encantada da Foz"; ao que eu regra geral lhe respondia jovial um "Deixe-se disso tio Xico, conte lá essa história de Mouras encantadas a outros." Ele ria-se, e, acrescentava "Quando fores à praia abre bem os olhos, ela está lá e sempre esteve lá à vista de todos, um dia hás-de dar-me razão!" Nunca acreditei em tal, pensando ser uma das suas muitas histórias daquele velho lobo do mar.
Era uma história bizarra duma princesa encantada que em tempos morou nestas paragens...
Ontem passados tantos anos, descobri a tal Moura encantada do tio xico. Estava eu sentado numa conhecida esplanada, quando finalmente vi, afinal ali estava ela, rosto bem definido, longos cabelos... tal como o tio xico sempre me disse...e bem à vista de todos, mas que afinal muito poucos eram os que a viam. Incrível ele tinha mesmo razão.
Caminhando
Passo a passo
percorro solitário
os caminhos desta vida
Descubro a cada passo
Velhos e novos passos
Que a tornam mais merecida
Novas vozes novos sons,
Novas metas e amigos…
Fazem-na mais colorida.
Oh vida vida, estás aqui?
Que bom reencontrar-te
Afinal, valeu a pena a partida.
E eu que parti a medo,
sem malas ou avisos
deixei o que não era vida.
(por te julgar perdida)
António Gallobar
14 de Janeiro de 2015
... Também porque é o dia internacional da Mulher, partilho este
texto já antigo que encontrei no meu baú desejando a todas as grandes
mulheres da minha vida incluindo as minhas amigas que lutam tenazmente
diariamente. Beijos a todas
Liberta-te das amarras e sonha uma vez na vida.
Eis que chegam finalmente os dias de brisa suave, aqueles que passam
sem se dar conta, quase anónimos; dias onde falta amor e a deixam
insegura quase confundida. Olha a vida ao longe por entre o serviço
interminável e apressado da esplanada onde trabalha, sentindo que a vida
lhe estava a passar ao lado compulsivamente. Via os sorrisos nos rostos
dos outros, quase sempre era assim, vivia sem ter tempo para si... e
isso fazia-lhe uma certa confusão; saber não ter tempo para praticamente
nada. Seria por distração ou teria sido porque não sentiu ainda o
apelo da vida; será que por ventura esqueceu ou desconhece em absoluto
como é belo e rico esses estados de alma que a vida por todos chama, ou a
quase todos. Ela não tinha bem a certeza disso, via-se metida num
centro comercial de sol a sol, entre a cozinha do bar e o serviço da
esplanada e para si sabia não ter tempo para quase nada, muito menos
parece predisposta para essas coisas de amor ou romances tal como via
nas telenovelas antes de adormecer; a sua vida não seria fácil, andando
constantemente preocupada, demasiadamente preocupada diria até, com as
prestações da casa, com a ATL dos filhos ou com a reforma da mãe que não
chegava nunca para ajudar nas contas da casa e da sua vida; para não
falar no que recebe pelo trabalho que faz, esse nunca chegava para tudo
que precisava, era uma luta constante; isto de ser mulher mas sobretudo
uma mãe solteira tem as suas voltas.
Naquele preciso instante
longe dali, as andorinhas chegavam à sua aldeia a cada instante aos
bandos, ao lugar que ela simplesmente deixou para trás. Chegavam aos
magotes prenhes de saudades voando livres, cruzando ziguezagueantes os
campos verdes, pelos seus campos verdes que deixou um dia. Por muito que
lhe custasse ela ainda não fizera como as andorinhas que regressam
sempre, alegrando cada canto cada esquina e se entregam aos prazeres da
vida.
Na cidade a nada disto se assiste, assiste-se ao desenrolar
constante de pequenos-grandes dramas humanos de quem vê a vida
passar-lhe ao lado, ou mede a vida pelo que impresso nas revistas
cor-de-rosa, e olha para a própria de forma passiva quase indiferente
teimando em manter uma atitude contrastante face ao corre-corre do
quotidiano sem haver tempo para nada e aí permanecem indiferentes,
calados e tristes vegetando numa pressa que os devora, dando a ideia de
não quererem acreditar que se pode tentar ainda ser feliz aqui e ter
tempo para amar, conseguir criar os filhos conforme se deseja
preparando-os para a vida.
Mas o escasso tempo livre que dispõe,
vive-o à pressa sobretudo a partir do sol se pôr, ao som de música
estridente e dum copo na mão, e onde o amor se confunde na maioria dos
casos com sexo. Não há tempo para nada, parece imbuída num vórtice onde
tudo é demasiado voraz girando em torno de si mesma, sem haver tempo
para romances; não há tempo para se pensar nisso, os filhos por si só
asseguram a renovação dos tempos... dos novos tempos que onde vir, onde
as pessoas haverão de encontrar tempo para olhar de novo os campos com
calma e sobretudo com tempo para olhar o céu e as estrelas deleitando-se
com a chegada das andorinhas. Aqui na cidade dela a cidade irá
continuar igual a si mesma, sobretudo apressada e voraz, e também por
isso, os que por aqui andam se quedam calados e tristes, curvando a
cabeça ignorando os ciclos da vida, escondendo-se de forma absorta sob a
penumbra do tempo, esse sim corre de forma inexorável fazendo de cada
um de nós, meros figurantes, meros espectadores que assistem
conformados.
E assistimos indiferentes a tudo vendo, ignorando o
desenrolar da história que vemos à nossa volta, sem sentirmos já sem
esperança, como se tivéssemos chegado ao fim da linha e nada mais
importasse permanecendo amorfos eternamente.
FIM DA LINHA
Quando nada restar
que não sejas apenas tu
passa água pelo rosto
e acorda para a vida
ganha coragem
faz o que
tem de ser feito.
Não te escuses com outros
não procures desculpas
apenas tu contas
a vida que desperdiças
é apenas a tua
aproveita o tempo
aproveita a maresia
e o chilrear das aves
que não tardarão aí
Abandona a cidade
ela não tem tempo para ti
é urgente ter coragem,
liberta-te hoje mesmo
entrega-te aos teus sonhos e dança uma valsa apaixonada com a vida .
António
Gallobar
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Bravo Povo do Porto . Não esqueces quem caiu nas frias águas da ribeira.
Seguindo os melhores te inspiras, inconformado!
Constróis irreverente esta cidade, sempre ousando,
Rasgando avenidas, cresces sem escamotear o passado.
A rotunda que o mar avista, abre os olhos de espanto
celebra Napoleão vencido, a garra deste povo sem igual
novas Artes se sonham, erguem-se marcando este espaço
imponentes criativas, musica para este povo imortal.
Terra da Maria da fonte e Virgílio Ferreira,
de Pedro Burmester a Almeida Garrett
Siza Vieira, Souto Moura ou Manuel de Oliveira.
Artistas e poetas dão o mote e orgulho a esta gente,
de espada em riste, avança contra tudo contra todos, acredita em ideais e percorre o seu caminho indiferente.