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segunda-feira, 31 de agosto de 2015



Darei um tempo? 



“Adio tal conversa, darei um tempo. 
Fica mesmo assim, dizendo mereço. 
Adormeço pensando se parta, ou se fique… 
…Suspiros contidos, a ver se me esqueço.”



Vai

Abrirás as velas, cortarás amarras
Seguirás a brisa que corre 
Esquece as cordas que te prendem 
Liberta esse corpo que morre.

Abre as gelosias, ensombram a alma.
Os sonhos chegam sempre devagar
Tempo de saborear a maré, a calma
Gaivota perdida que se faz ao mar.

Vai, és capaz, sei que és capaz
Navegarás mesmo com defeitos.
Incertezas deverão sempre haver
Não existem momentos perfeitos


E nesse objectivo te irás realizar
Nem que seja o derradeiro que faças
não matutes no que o futuro traz
Vai e não penses em desgraças.

António Gallobar

28/07/2014



NO DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA, PARTILHO CONVOSCO DUAS PAIXÕES: 

FOTOGRAFIA E POESIA


Soneto (quiçá) mágico

Ver para além do óbvio
sentir a calma do momento
o despertar de sentidos
livres como o pensamento.

Apreciar as coisas simples
dar valor ao que se tem
abrir o espírito à mudança
deixar a mente ver além

Apreciar o que a vista alcança
respirar fundo, abrir as mãos
ver renascer a esperança

Escutar o que o coração diz
talvez vá apontar caminhos
para um amanhã mais feliz

António Gallobar.
Porto 19 de Agosto de 2014





A REVELAÇÃO




Há muito muito tempo atrás existiu um velho marinheiro, conhecido como Xico do rio Douro, era um daqueles homens calejados pela vida e muitas histórias para contar. Quando o encontrava, ele invariavelmente perguntava se eu já tinha encontrado a "Moura Encantada da Foz"; ao que eu regra geral lhe respondia jovial um "Deixe-se disso tio Xico, conte lá essa história de Mouras encantadas a outros." Ele ria-se, e, acrescentava "Quando fores à praia abre bem os olhos, ela está lá e sempre esteve lá à vista de todos, um dia hás-de dar-me razão!" Nunca acreditei em tal, pensando ser uma das suas muitas histórias daquele velho lobo do mar.

Era uma história bizarra duma princesa encantada que em tempos morou nestas paragens...

Ontem passados tantos anos, descobri a tal Moura encantada do tio xico. Estava eu sentado numa conhecida esplanada, quando finalmente vi, afinal ali estava ela, rosto bem definido, longos cabelos... tal como o tio xico sempre me disse...e bem à vista de todos, mas que afinal muito poucos eram os que a viam. Incrível ele tinha mesmo razão.



Caminhando


Passo a passo
percorro solitário
os caminhos desta vida

Descubro a cada passo
Velhos e novos passos
Que a tornam mais merecida

Novas vozes novos sons,
Novas metas e amigos…
Fazem-na mais colorida.

Oh vida vida, estás aqui?
Que bom reencontrar-te
Afinal, valeu a pena a partida.

E eu que parti a medo,
sem malas ou avisos
deixei o que não era vida.
(por te julgar perdida)

António Gallobar
14 de Janeiro de 2015

... Também porque é o dia internacional da Mulher, partilho este texto já antigo que encontrei no meu baú desejando a todas as grandes mulheres da minha vida incluindo as minhas amigas que lutam tenazmente diariamente. Beijos a todas



Liberta-te das amarras e sonha uma vez na vida.

Eis que chegam finalmente os dias de brisa suave, aqueles que passam sem se dar conta, quase anónimos; dias onde falta amor e a deixam insegura quase confundida. Olha a vida ao longe por entre o serviço interminável e apressado da esplanada onde trabalha, sentindo que a vida lhe estava a passar ao lado compulsivamente. Via os sorrisos nos rostos dos outros, quase sempre era assim, vivia sem ter tempo para si... e isso fazia-lhe uma certa confusão; saber não ter tempo para praticamente nada. Seria por distração ou teria sido porque não sentiu ainda o apelo da vida; será que por ventura esqueceu ou desconhece em absoluto como é belo e rico esses estados de alma que a vida por todos chama, ou a quase todos. Ela não tinha bem a certeza disso, via-se metida num centro comercial de sol a sol, entre a cozinha do bar e o serviço da esplanada e para si sabia não ter tempo para quase nada, muito menos parece predisposta para essas coisas de amor ou romances tal como via nas telenovelas antes de adormecer; a sua vida não seria fácil, andando constantemente preocupada, demasiadamente preocupada diria até, com as prestações da casa, com a ATL dos filhos ou com a reforma da mãe que não chegava nunca para ajudar nas contas da casa e da sua vida; para não falar no que recebe pelo trabalho que faz, esse nunca chegava para tudo que precisava, era uma luta constante; isto de ser mulher mas sobretudo uma mãe solteira tem as suas voltas.
Naquele preciso instante longe dali, as andorinhas chegavam à sua aldeia a cada instante aos bandos, ao lugar que ela simplesmente deixou para trás. Chegavam aos magotes prenhes de saudades voando livres, cruzando ziguezagueantes os campos verdes, pelos seus campos verdes que deixou um dia. Por muito que lhe custasse ela ainda não fizera como as andorinhas que regressam sempre, alegrando cada canto cada esquina e se entregam aos prazeres da vida.
Na cidade a nada disto se assiste, assiste-se ao desenrolar constante de pequenos-grandes dramas humanos de quem vê a vida passar-lhe ao lado, ou mede a vida pelo que impresso nas revistas cor-de-rosa, e olha para a própria de forma passiva quase indiferente teimando em manter uma atitude contrastante face ao corre-corre do quotidiano sem haver tempo para nada e aí permanecem indiferentes, calados e tristes vegetando numa pressa que os devora, dando a ideia de não quererem acreditar que se pode tentar ainda ser feliz aqui e ter tempo para amar, conseguir criar os filhos conforme se deseja preparando-os para a vida.
Mas o escasso tempo livre que dispõe, vive-o à pressa sobretudo a partir do sol se pôr, ao som de música estridente e dum copo na mão, e onde o amor se confunde na maioria dos casos com sexo. Não há tempo para nada, parece imbuída num vórtice onde tudo é demasiado voraz girando em torno de si mesma, sem haver tempo para romances; não há tempo para se pensar nisso, os filhos por si só asseguram a renovação dos tempos... dos novos tempos que onde vir, onde as pessoas haverão de encontrar tempo para olhar de novo os campos com calma e sobretudo com tempo para olhar o céu e as estrelas deleitando-se com a chegada das andorinhas. Aqui na cidade dela a cidade irá continuar igual a si mesma, sobretudo apressada e voraz, e também por isso, os que por aqui andam se quedam calados e tristes, curvando a cabeça ignorando os ciclos da vida, escondendo-se de forma absorta sob a penumbra do tempo, esse sim corre de forma inexorável fazendo de cada um de nós, meros figurantes, meros espectadores que assistem conformados.
E assistimos indiferentes a tudo vendo, ignorando o desenrolar da história que vemos à nossa volta, sem sentirmos já sem esperança, como se tivéssemos chegado ao fim da linha e nada mais importasse permanecendo amorfos eternamente.



FIM DA LINHA

Quando nada restar
que não sejas apenas tu
passa água pelo rosto
e acorda para a vida
ganha coragem
faz o que
tem de ser feito.


Não te escuses com outros
não procures desculpas
apenas tu contas
a vida que desperdiças
é apenas a tua
aproveita o tempo
aproveita a maresia
e o chilrear das aves
que não tardarão aí

Abandona a cidade
ela não tem tempo para ti
é urgente ter coragem,
liberta-te hoje mesmo
entrega-te aos teus sonhos
e dança uma valsa
apaixonada com a vida .


António Gallobar






terça-feira, 20 de janeiro de 2015


Bravo Povo do Porto
.
Não esqueces quem caiu nas frias águas da ribeira.
Seguindo os melhores te inspiras, inconformado!
Constróis irreverente esta cidade, sempre ousando,
Rasgando avenidas, cresces sem escamotear o passado.

A rotunda que o mar avista, abre os olhos de espanto
celebra Napoleão vencido, a garra deste povo sem igual
novas Artes se sonham, erguem-se marcando este espaço
imponentes criativas, musica para este povo imortal.

Terra da Maria da fonte e Virgílio Ferreira,
de Pedro Burmester a Almeida Garrett
Siza Vieira, Souto Moura ou Manuel de Oliveira.

Artistas e poetas dão o mote e orgulho a esta gente,
de espada em riste, avança contra tudo contra todos,

acredita em ideais e percorre o seu caminho indiferente. 


 




































António Gallobar. abril de 2010